O trânsito brasileiro está mergulhado num caos, aparentemente sem solução, enquanto os órgãos responsáveis insistem em viver num “mundo paralelo” aonde tudo parece estar às mil maravilhas.
Dentre os vários problemas existentes, destaca-se o elevado e crescente número de acidentes envolvendo motociclistas, geralmente com consequências graves e lesões irreversíveis. São bilhões, isso mesmo, BILHÕES de reais gastos anualmente com as vítimas destes acidentes.
Vivemos uma epidemia, cuja vacina está nas mãos dos nossos representantes estatais, em especial, das Câmaras Temáticas – órgãos de apoio técnico, vinculados ao Contran – que têm a finalidade de apresentar soluções para a elaboração de normas que contribuam para a melhoria e segurança do trânsito.
Hoje, 26 de julho de 2017, foram publicadas, no Diário Oficial da União (DOU), seis novas resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) trazendo algumas alterações e também novidades acerca da normatização do trânsito.
Confesso que a cada leva de novas regulamentações minhas esperanças se renovam e logo penso: Agora sim, alguma providência será tomada para amenizar esta crise vivida no trânsito. Mas ao ler tais dispositivos, minha euforia se esvai tão instantaneamente quanto algodão doce na boca.
Duas destas novas resoluções tratam de assuntos relacionados ao trânsito de motocicletas. Mas, ao invés de “soluções”, o que se pôde observar foi a exigência de uma lista de novos parâmetros para os equipamentos nas motocicletas que SÓ servirão para onerar os cidadãos e gerar multas àqueles que não se adequarem, nada de efetivamente relevante para a solução dos problemas existentes.
Para os educadores e formadores de condutores, mais trabalho de leitura e acúmulo de conhecimentos inúteis; para os motociclistas, mais exigências e gastos desnecessários; para os usuários do trânsito, em geral, o conformismo com a insegurança; e para o Estado, mais meios de arrecadação.
O pior de tudo é que a sociedade adotou esta tragédia vivida no trânsito como sendo algo natural. Famílias ficam órfãs de seus entes, mortos em acidentes; pessoas ficam entrevadas em cadeiras de rodas ou totalmente paralisadas em seus leitos e tudo parece tão normal. É a principal causa de morte entre pessoas de 14 a 29 anos – jovens com uma vida inteira pela frente, se vão deixando suas famílias à dor da perda inesperada e traumática.
São mais de 42 mil óbitos (média anual) no trânsito brasileiro. Isso equivale a 600 quedas de aviões como o da Chapecoense. Acho que todos se lembram do quanto aquele acidente foi noticiado. Imagine toda a imprensa divulgando aquela tragédia seiscentas vezes em um único ano!
Não podemos mais aceitar tudo isso de braços cruzados. Ontem foi um desconhecido; hoje é seu vizinho; amanhã poderá ser seu ente querido OU VOCÊ!
Vamos nos mobilizar. Se as redes sociais são a “boca do povo”, então vamos usá-las para propagar a nossa indignação. Não podemos perder o senso do que é ou não normal. O que estamos vivendo é uma TRAGÉDIA e deve ser sempre considerada como tal.
Por providências significativas, pelos órgãos de trânsito e seus representantes, eu digo #AcidenteNoTrânsitoNãoÉnormal