Durante a prova prática do Detran, que avalia os candidatos à habilitação para conduzir veículos de 4 ou mais rodas, o controle de embreagem é uma das manobras exigidas que podem reprovar o aluno. Entretanto, além de já sabido que este tipo de manobra prejudica, consideravelmente, vários dispositivos mecânicos do veículo, sua eficácia, no que diz respeito à formação do condutor, é questionável – entenda por quê.
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A embreagem é um dos diversos itens do carro que sofre desgaste natural – mais cedo ou mais tarde, ela precisará ser trocada. Porém, sua vida útil não é pré-determinada e pode variar bastante. O fator que mais influencia na durabilidade deste componente é o modo como ele é utilizado pelo motorista. Os condutores mais cuidadosos, inclusive, evitam abusar do controle de embreagem ou até mesmo manter o pedal acionado com o carro parado.
Segundo o especialista Leandro Perestrelo, membro da Comissão Técnica de Transmissões da SAE Brasil, “quando condutor permanece com o pedal da embreagem pressionado até o fim de seu curso, sem modula-lo, com a primeira marcha engatada e o freio acionado, o desgaste envolve menor quantidade de componentes e não tem consequências preocupantes”.
“O pior quadro, de longe, acontece quando o motorista mantém parado apenas controlando a embreagem e o acelerador. Nesse caso, a vida útil do componente será reduzida. O platô fica girando, mas o disco fica parado, e essa situação é extremamente danosa”, pondera Perestrelo. Nessa hipótese, o material de contato do disco sofre atrito, provocando maior desgaste.”
“O disco é feito para ser modulado por um ou dois segundos; três segundos, no máximo. Se o motorista fica fazendo o controle, chega a provocar desgaste equivalente ao de 100 partidas em uma única vez”, adverte o engenheiro da SAE. Além disso, Perestrelo destaca que, devido ao atrito, essa situação gera muito calor. Consequentemente, pode causar superaquecimento no sistema.
Desse modo, o ideal é que o condutor utilize o controle de embreagem apenas para colocar o veículo em movimento. “Não precisa ser algo desesperado, mas o motorista deve modular o pedal o mais rapidamente possível,” sintetiza o especialista.
Ora, se a formação do condutor inclui orientá-lo e avaliá-lo quanto à sua conduta em relação ao correto manuseio do veículo, dentre outros, como pode o Contran exigir que essa manobra, prejudicial ao bom funcionamento da máquina, seja executada durante as aulas e exames?
Sei que alguns profissionais (instrutores / examinadores) vão contestar dizendo que é uma manobra necessária para avaliar o “domínio” do candidato em relação ao uso da embreagem. Contudo, vejo outras formas de avaliar isso, como por exemplo, na manobra de baliza onde, inevitavelmente, o aluno terá que demonstrar total controle dos pedais.
Ademais, há bancas examinadoras que NÃO permitem que o candidato use o controle de embreagem numa interseção em aclive, diante de uma placa de Parada Obrigatória, por exemplo, exigindo que este utilize o freio. Óbvio que acionar o freio não é a conduta mais adequada em uma parada rápida, como a da situação hipotética. Conforme bem disse Perestrelo, a manobra de controle de embreagem PODE ser utilizada, desde que por tempo inferior a três segundos, sem que isso represente comprometimento mecânico ao veículo.
CONCLUSÃO
Há décadas vem sendo cobrada, dos candidatos, esta manobra que, além de prejudicar componentes mecânicos do veículo, induz à utilização equivocada dos comandos da máquina. Ao contrário do que os Detran’s estão fazendo (sob normatização do Contran), o controle de embreagem NÃO é para ser usado em paradas junto ao meio-fio – neste caso o recomendável é que se pise no freio -, mas, excepcionalmente, naquelas paradas rápidas (de até 3 segundos) em que o condutor precisa imobilizar o veículo para avaliar o trânsito da via transversal e prosseguir com segurança.
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Eu mesmo fui refém desta prova, tive que pagar um absurdo porque alegaram que eu estava usando a embreagem de forma errada. Isso precisa ser mudado
Att Ernaldo
Exatamente amigo Ronaldo! Na minha humilde opinião, acho extremamente desnecessário essa manobra exigida pela banca examinadora. Além de algumas outras regras não são utilizadas no dia a dia do condutor.
Seria ótimo se nós instrutores tivéssemos as “20” aulas na rua para ensinar o que seria mais importante no que se diz normas, sinalização, segurança e educação no trânsito do que perder mais da metade das aulas ensinando a “passar no exame”. A maioria dos alunos(que aprendem do zero) são aprovados nos exames e não tem condições de transitar em qualquer via por essas exigências.
Grande abraço
Att Carlos Mota