Entrevista Tema: MUDANÇAS NO PROCESSO DE HABILITAÇÃO
Data: 18/03/2017
Entrevistador: RONALDO CARDOSO – Canal YouTube.com/LegTransito
Entrevistada: ROBERTA TORRES – Observatório Nacional de Segurança Viária
RONALDO CARDOSO
1. As últimas notícias veiculadas na mídia transmitem a informação de que o processo de habilitação sofrerá mudanças, com previsão de implementação para daqui a 6 meses aproximadamente, com aumento das cargas horárias nos cursos teórico e prático, inclusive com forte aumento dos preços repassados ao cliente/aluno. O que tem de verdade nisso?
ROBERTA TORRES
O processo, como um todo, sofrerá mudanças. Mas não está na pauta o aumento da carga horária, nem tampouco aumento de preços. Aliás, preço não é um assunto debatido nas câmaras temáticas e somente os CFCs e Sindicatos poderiam afirmar algo nesse sentido.
Particularmente, acho muito cedo para falar em aumento dos preços, uma vez que ainda não foram definidas quais serão as alterações e se isso representará, de fato, um aumento de custo para as autoescolas.
O objetivo, com as mudanças, é melhorar o processo e isso não significa, necessariamente, aumentar a carga horária, mas fazer bem o que estamos nos propondo a fazer.
RONALDO CARDOSO
2. Sabe-se que o grande volume de autoescolas registradas e a formação inadequada dos profissionais atuantes nessas instituições causam o enfraquecimento e consequente queda na qualidade dos serviços oferecidos neste seguimento. Você diria que o problema da má formação dos alunos – futuros condutores – vem daí ou, ao seu ver, existem outros fatores de maior impacto neste cenário?
ROBERTA TORRES
A formação dos instrutores é uma das questões pontuadas pelo Observatório neste projeto de mudança. Por isso estamos reformulando, também, as Estruturas Curriculares e Matrizes Pedagógicas dos cursos de formação dos profissionais que atuam nos CFCs, bem como em todos os mecanismos de controle e acompanhamento do processo, além da estruturação das empresas prestadoras de serviços.
RONALDO CARDOSO
3. Pontue dois ou três fatores de grande relevância negativa no atual processo de habilitação.
ROBERTA TORRES
1. Falta de um referencial nacional claro dos conteúdos e objetivos educacionais a serem atingidos.
2. Falta de padronização nos processos de controle e acompanhamento que garantam efetivamente o cumprimento das regras estabelecidas. Não apenas das regas pelas regras, mas de como todo esse processo evolui.
3. A formação dos instrutores, diretores, examinadores e gestores das empresas que ainda está muito aquém do ideal.
RONALDO CARDOSO
4. Serão acrescentados ou suprimidos conteúdos ao curso teórico?
ROBERTA TORRES
A Estrutura Curricular Básica da Formação dos Condutores está sendo reformulada. Uma nova concepção dos conteúdos e objetivos educacionais para a formação de um condutor mais completo. Queremos um condutor que saia com o entendimento de que não basta apenas decorar placas ou as questões das provas.
RONALDO CARDOSO
5. Os candidatos à categoria A (motocicletas) terão que fazer aulas e/ou exame fora da motopista?
ROBERTA TORRES
A formação dos condutores de categoria A e ACC atualmente é deficitária. Nosso entendimento é que para melhorar a formação desse condutor, as aulas em via pública são extremamente importantes. Certamente, tanto aulas como exames sofrerão alterações.
RONALDO CARDOSO
6. Os candidatos à categoria B (automóveis) terão que fazer aulas e/ou exames em rodovias?
ROBERTA TORRES
Atualmente, os alunos já realizam aulas em rodovias – no simulador de direção-, desenvolvendo algumas habilidades. Seguindo a mesma lógica da resposta anterior, dirigir em rodovias faz parte da vida do cidadão depois que ele se torna habilitado. Então, trabalhar técnicas que desenvolvam as habilidades dos alunos em uma rodovia – na prática – durante a sua formação é, sem dúvida, indispensável e, portanto, está dentro dos objetivos educacionais propostos.
RONALDO CARDOSO
7. O curso Teórico será disponibilizado também no formato EAD (online)?
ROBERTA TORRES
Não posso te responder essa pergunta porque isso é algo que ainda está sendo discutido pela Câmara Temática.
RONALDO CARDOSO
8. O Simulador de Direção será facultativo, como, inclusive, propõe o PL 8085 que estabelece o texto para um possível novo Código de Trânsito?
ROBERTA TORRES
Na Construção da Base Curricular Nacional consideramos as três etapas da Formação (teórica, pré-prática e prática) conforme prevê hoje a Regulamentação. A grande diferença é que os conteúdos estão muito mais completos e detalhados e além disso, estamos deixando claro todos os objetivos específicos de cada um dos conteúdos de cada uma das etapas, o que não existia antes. Então, o instrutor terá consciência do que se espera dele na condução da aula e o que se espera do aluno na condução do veículo.
RONALDO CARDOSO
9. É sabido que as resoluções 168/04 do CONTRAN, que trata do processo de habilitação, e a 358/10, que trata do credenciamento das instituições formadoras de condutores e seus profissionais, sofrerão alterações ou serão totalmente reformuladas. O quê, exatamente, será mudado nestas resoluções que ofereçam diferença considerável aos alunos candidatos à habilitação?
ROBERTA TORRES
Essas resoluções estão sendo reformuladas. Os alunos poderão esperar um processo de habilitação mais claro e consistente que fará uma interligação entre teoria, pré-prática (simulador) e prática de direção, com embasamento técnico e científico que já funcionam em países Europeus.
Além disso, a ideia é tornar o processo mais claro, mais ético e que seja possível um controle mais efetivo para que possamos avaliar os resultados com mais tranquilidade.
RONALDO CARDOSO
10. Os DETRAN, país afora, adotam processos de habilitação adequados as suas conveniências. Exemplo disso é a divergente quantidade de questões cobradas nas provas teóricas, inclusive com tempos distintos. Em MG são 30 questões em uma hora de prova, enquanto no CE são 40 questões com uma hora de prova, e no PE são 30 questões com meia hora de prova. Divergências como esta não seriam tratamento diferenciado, com um possível desfavorecimento entre os candidatos?
ROBERTA TORRES
Todo o projeto gira em torno de uma uniformização do processo em âmbito nacional, para que não mais tenhamos processos de habilitação diferentes dentro do mesmo país.
RONALDO CARDOSO
11. Em relação às mudanças, você pode nos dizer algo específico como, por exemplo, conteúdos do curso teórico ou alterações relevantes no treinamento de prática de direção?
ROBERTA TORRES
Um ponto bastante interessante que abordamos é a Tarefa da condução onde será trabalhado a coleta de dados, o tratamento da informação e a Ação. O trânsito em diferentes vias, como é o caso da circulação em rodovias, é outro exemplo. Tipos diferentes de parada e estacionamento (paralelo, perpendicular, 90º graus). No caso das categorias ACC e A, frenagens de emergência, controle do veículo empurrando a motocicleta, a troca de marchas que hoje não acontece em alguns estados. São apenas algumas mudanças Ronaldo. Para você ter uma ideia, em cada categoria estarão listados centenas de conteúdos e objetivos específicos importantes para uma formação completa do condutor. O Currículo está ficando bastante completo.
RONALDO CARDOSO
12. Apesar de saber que todas estas mudanças são embasadas em estudos de anos e anos, realizados pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, entre outros, você entende que um possível arrocho nas exigências e consequente aumento nos preços pagos pelo aluno / cliente serão justificados nos resultados finais? O famoso Custo x Benefício, até então pouco pensado pelo CONTRAN e demais envolvidos na criação das normas e leis que regulamentam todo este processo?
ROBERTA TORRES
Em nenhum momento afirmamos sobre o aumento nos preços. Isso, quem regula é o mercado. Contudo, ainda que aconteça um “arrouxo” nas normas, mas isso salvar a vida de uma única pessoa, eu diria que valeu a pena.
Estamos buscando melhorar a formação dos condutores e isso ensejará em mudanças. Mas te garanto que, neste caso específico, todo o processo de reformulação tem sido embasado e debatido com a participação de todas as representações partícipes e sociedade. O que é um grande avanço em relação ao que acontecia até agora.
RONALDO CARDOSO
Muito obrigado pela presteza em nos responder, Roberta! Este, certamente é um assunto de extremo interesse e tirou as dúvidas de muitos, inclusive profissionais da área. Nós confiamos no trabalho que vem sendo feito pelo Observatório Nacional de Segurança Viária. Sabemos do comprometimento de todos os envolvidos neste mega projeto que, com certeza, nos trará resultados muito positivos. Meu abraço a todos os integrantes do Observatório!
Sou surdo, eu quero habitação
Tangutur Andhra Pradesh India
Quando EDUCAÇÃO não é pprioridade, e sim ARRECADAÇÃO, o outro lado do tripé manco será a CORRUPÇÃO, tão presente nas ruas da nossa Pátria Amada, agentes públicos corrompidos por um sistems falido. Dentro dos CFCs o mote e “vender” CHN, e no Detran é “entregar” mais uma, aqui em Pernambuco, se o csndidto não passa nas provas teóricas, ele paga uma taxa de reteste de prova e refaz apos 15 dias e nunca mais volta prá sala de aula, ou seja basta pagar,o aprender não importa, e colocam a culpa no CFC, espero sinceramente que hajam mudanças sistemáticas,e que a EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO, se torne realidade e não apenas discursos,
Não entendi Rosimeire e João Eduardo, vcs acreditam que são os alunos recem formados que causam tantos acidentes de moto pelo basil?? Sinto muito, mas vcs estão enganados…jogar a culpa em quem ta correndo atras da sua primeira habilitação é facil…ninguém vai atras dos verdadeiros culpados, não consigo entender isso…
Só sei que vários alunos meus, estão saindo as 20:00 da autoescola devido essas aulas noturnas e alguns já foram assaltados, enclusive tentaram assaltar nossa loja há alguns dias, temos que jogar o aluno na hora do rush, pra ficar parado no engarrafamento perdendo hora de aula,as provas práticas são somente diurna, etc… mas estão achando que são profissionais desqualificados que causam isso, quem aprova essas leis deveria não só ter um curso de instrutor, como tbm experiência na área, antes de julgar de onde vem o erro.
É fácil julgar quando se está do outro lado da mesa.
Bom dia sou Instrutor Teórico e acredito que a base fundamental para um bom condutor tem que começar na sala de aula , a realidade é que maioria dos CFCs as aulas teóricas são apenas para cumprir a carca HORÁRIA de 45 aulas somente com as informações dos vídeos institucionais e quando, tão, somente a queima da digital mas , se nas salas de aulas fossem monitoradas ONLINE através de câmeras ,
uma de frente para o Instrutor e outra de frente para os alunos teríamos a certeza de que estaria sendo ministradas as aulas corretamente em acordo com oque determina os órgão de Transito , e , ao mesmo tempo os instrutores estariam passando por avaliações.
Muito importante
Parabéns Ronaldo e Roberta pela iniciativa. Como eu sonho com um trânsito menos desumano nesse nosso Brasil!!!
Mudanças para melhor são sempre muito bem vindas.
Mas temos muuuiiitttooo o que aprimorar nessa questão.
Sou pós graduada em Gestão, Segurança e Educação para o Trânsito. Atualmente atuando como Diretora de CFC. Percebo que os elos da corrente não estão entrelaçados.
Os órgãos regulamentadores não ” conversam” com os diretores e instrutores de CFC. Esses, por sua vez, não tem respaldo nem representividade para serem ouvidos. ( Ou não querem).
Os empresários do ramo não sabem aonde querem chegar.
Poderia escrever um texto enorme sobre essa questão.
Entretanto, irei resumir: na minha opinião, enquanto o Brasil não for um país sério, enquanto os cidadãos não terem consciência que lei é pra ser cumprida, enquanto não houver fiscalização efetiva, o tripé do trânsito ( Infraestrutura, Educação e e Fiscalização) estará capenga.
Penso, pois, que mudança teria de ser em todo o segmento da formação do condutor. Por mais bem elaborada que ela esteja, se não houver comprometimento, honestidade e seriedade por parte de todos os envolvidos, o grande objetivo, que é a diminuição nos números de acidentes, não será alcançado. Infelizmente!
Olá, Andréia!
Também já bati muito nesta tecla de FUSÃO destes elos. Infelizmente, até agora, Câmara Temática pensa uma coisa, CONTRAN outra, Legisladores outra, Proprietários de CFC e profissionais da área outra, Agentes fiscalizadores outra, e por aí vai… Você deve ter percebido a minha pergunta sobre a EFICÁCIA e EFETIVIDADE das medidas que serão tomadas, inclusive considerando o CUSTO x BENEFÍCIO. Porque o que temos vivido, até agora, são imposições pífias, sem qualquer aplicabilidade efetiva e que se justifiquem em resultados reais. Segundo a entrevistada (Roberta Torres), pelo menos desta vez tudo está acontecendo com a participação da sociedade e demais envolvidos nesta causa. Sei que ela disse a verdade e só lamento em afirmar que, apesar disso, os principais interessados (sociedade e profissionais da área) não estão nem aí… continuam assistindo seu futebolzinho, BBB, novela e depois vêm todos reclamando. Chega e lamentações… já passou da hora do Brasil ACORDAR pra vida.
toda mudança é sempre bem vinda, ( mas as autoridades competentes, esquece do mais importante, – fiscalização e punição do motorista infrator). não adiante aumentar carga horaria tanto teórico ou pratico, o resultado sera o mesmo.uma sugestão simples ex. vamos por um acidente simples, que ta errado o Detran fica encarregado de apreender o veiculo causador do acidente, ficando 30 dias no patio para que o proprietário ressarce o estrago causado, o não fez, o Detran leiloa o veiculo e cobre as despesas. em caso de infrator multa cobra se a multa pela infração residenciaria multa dobrada e Proença por 5 dias o veiculo, – so assim resolve o mal motorista, esse negocio de carga horaria e so recadação e mais nada
O maior erro dessas pessoas que dizem querer melhorar o preparo dos motociclistas é não ouvir quem mais entende do assunto, ou seja, os instrutores práticos da categoria A…quê precisa de melhoras, isso é fato, mas sempre vão pelo caminho errado…só li asneiras, tudo mentiras…da a impressão que os alunos recém formados são os maiores causadores de acidentes, e isso é mentira…tem vários itens que podem ser melhorados, mas isso não vai diminuir os acidentes…imprudência e desrespeitos as regras de transito são os maiores causadores…lamentável.
Em relação ao exame toxicológico p mudança de categorias e primeira habilitação. …. tem alguma posição se acontecerá ou não? ???
Nada confirmado, por enquanto. Estamos lutando é pra derrubar de vez essa imundice de exame.
Sou instrutor teórico de trânsito a 4 anos. Afirmo categoricamente: o que vai reduzir os acdentes e fatalidades no trânsito não é a modificação ou padronização do ensino nos CFCs. Nada disso tem força pra mudança. Só se pode garantir um trânsito mais humano e seguro com investimento em um transporte público decente e de qualidade, que vai reduzir o quantidade de veículos privados circulando. Portanto, quanto mais nos distanciamos desse tipo de política pública, nada nos vai adiantar pensar isoladamente na didática ou conteúdo dos cursos do CFC.
Ótima entrevista! Precisamos sim de mudanças urgentes. Sabendo que a Roberta Torres está participando desta mudança fico mais aliviado em função de saber realmente o dia a dia das autoescolas e por ser uma ótima educadora.
Acredito muito também que além de mudar o processo de habilitação para que está começando, é muito importante tratarmos de quem já é habilitado. A falta de conhecimento dos condutores em relação as leis e direção defensiva por mim é muito observada em minhas turmas dos SEST SENAT em resolução 168 e formação de instrutores. Atualizações a cada 5 anos para mim são necessárias na parte teórica no mínimo.
Parabéns pela entrevista Ronaldo Cardoso.
EU CONHECEDOR DA ÁREA DE TREINAMENTO DE NOVOS MOTORISTA, OS GOVERNANTES DO BRASIL NÃO SE PREOCUPAM COM O PREPARO DO FUTURO MOTORISTA E SIM TÃO SOMENTE COM A ARRECADAÇÃO, ESTA SEMPRE FOI É E SERÁ A UNICA META DO GOVERNO, POSSO LHE AFIRMA QUE AS TRÉS ETAPAS FUNDAMENTAIS PARA UM TRANSITO MELHOR E MAIS SEGURO… 1@ EDUCAÇÃO 2@ EDUCAÇÃO 3@ PUNIÇÃO SEVERA COM TODOS OS RIGORES DA LEI…MAS JÁ DESISTI DE COLABORAR COM TODOS OS MEIOS QUE POSSAM CHEGAR A ESTA GRANDE VITORIA. POR CONTA… SOMOS GOVERNADOS POR BANDIDOS.., MUNICIPAIS, ESTADUAIS E FEDERAL…TENHO VERGONHA DE SER BRASILEIRO..
Bom dia! Quero parabenizar o professor Ronaldo pela entrevista,que pra mim foi muito relevante.
Pois bem professor, na tua opinião, o simitador é realmente importante na formação de condutores? A meu ver, isso é subestimar a capacidade do brasileiro,favorecer o único fabricante de simuladores do Brasil, dificultar ainda mais o processo, uma vez que o aluno deixará de ter 05 aulas no veículo para tê-las num vídeo games que por sinal,é mais caro que um carro popular. Por favor,me dê teu parecer.
Parabéns pela entrevista Ronaldo, assim ajuda os alunos ficarem informados
Muito bom! Está entrevista esclareceu muitas das minhas dúvidas! Continue assim Prof Ronaldo, contribuido para o crescimento dos futuros condutores do nosso Brasil! Parabéns!!