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Porque as autoescolas só treinam os alunos para a prova e não para o trânsito?

Uma realidade com a qual tive que conviver durante 20 anos atuando como instrutor foi ver o aluno (candidato à habilitação) sendo treinado com o único objetivo de PASSAR NA PROVA DO DETRAN. Por que acontece assim? Será que esta é a forma correta de trabalhar com esses futuros motoristas?

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Primeiramente devo esclarecer que a proposta do título não se refere a TODOS os CFCs (Centro de Formação de Condutores), mas a um PADRÃO estabelecido pela maioria deles.

Quando eu disse: “realidade com a qual tive que conviver” – é porque foi exatamente assim que eu vi acontecer. As autoescolas NÃO estão formando condutores, mas, apenas preparando os candidatos para passarem na prova e obterem suas habilitações.

Na busca por respostas que expliquem este cenário, consegui relacionar algumas causas, sobre as quais dissertarei no desenrolar deste texto.

ANSIEDADE DO ALUNO EM TREINAR O QUE SERÁ COBRADO NA PROVA

Antes mesmo de iniciar as aulas de direção o aluno já começa a matutar como será a tal da BALIZA. Isso sem falar na parada sem freio (na subida); na marcha à ré alinhada ao meio-fio; na manobra de garagem; entre tantas outras.

Isso se torna quase que um pesadelo para o aluno. Dorme e acorda pensando nas ‘benditas” manobras. – Com isso, você acha mesmo que o aluno vai querer treinar outra coisa?! Tem aluno que mal sabe ligar o carro e já pergunta para o instrutor: “quando é que nós vamos treinar baliza?”

Importante entender que o aprendizado é como uma escada em que, a cada passo, se sobe um degrau, ou seja, se evolui um pouquinho. Não dá pra chegar no vigésimo degrau se você ainda não subiu os primeiros dezenove. Portanto: TENHA CALMA! Ansiedade só vai te atrapalhar.

MANEIRA “TEATRAL” COM QUE O DETRAN CONDUZ O PROCESSO DE HABILITAÇÃO

É fato que os órgãos executivos de trânsito estaduais (Detrans) seguem, no processo de habilitação, as regulamentações do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Indepentemente se Detran ou Contran, bem sabemos que o referido processo é realizado de maneira TOTALMENTE adversa ao que se vê na realidade do trânsito.

Como exemplo, cito a tão temida baliza. Aqui em MG esta manobra é feita entre cones que, apesar de serem colocados respeitando as medidas impostas pelo Contran (resolução 168/04), em nada se assemelham com as que serão feitas depois, no trânsito.

Apesar disso, é uma manobra determinante para a aprovação do aluno, pois se ele não conseguir realizá-la, exatamente dentro dos parâmetros exigidos, será reprovado. – Quantos alunos “bons de volante” eu já vi ser reprovados por conta dessa bizarriice!

EXAMINADORES DESPREPARADOS

Apesar dos examinadores do Detran seguirem o que lhes é regulamentado, estes são seres humanos dotados de inteligência própria. Não podem, ou devem, agir como se estivessem sendo guiados pelo cabresto do Estado, sem qualquer capacidade de discernimento.

Se o aluno entrou na baliza e o carro ficou com a roda de trás dois dedos mais longe que a da frente, qual o risco que isso oferece no trânsito? Será mesmo que ele (examinador), ou mesmo eu (Ronaldo Cardoso), fazemos as nossas balizas medindo os centímetros entre as rodas e o meio-fio?

E quando o aluno quer acertar o carro dentro da vaga e é impossibilitado sob a alegação do examinador (respaldado pelas regras do Detran / Contran) que diz ser proibido executar mais de uma marcha à ré dentro da manobra! Tenha santa paciência, neh, gente!!!

Tenho CNH há mais de 20 anos; sou habilitado em todas as categorias; nunca fui reprovado em nenhum exame – seja teórico ou prático; e quando preciso fazer uma baliza manobro três, quatro, cinco ou mais vezes conforme a necessidade e nem por isso sou mau motorista ou coloco o trânsito em risco. Portanto, já passou da hora do Contran / Detran literalmente “cair na real”.

INSTRUTORES SEM AUTONOMIA

Se o Contran regulamenta como se estivesse escrevendo um roteiro de uma apresentação circense; se os examinadores se omitem insistindo em serem guiados como seres irracionais; se os alunos, pressionados (ou impressionados, rsrsr) por tudo isso, não conseguem se livrar da “assombração do exame de direção”… não seriam os instrutores os “heróis da nação”… rsrs.

Pertencentes à uma classe desacreditada, desvalorizada e de pouca (ou nenhuma) voz ativa, estes profissionais ficam entre os equívocos do Estado e a necessidade de aprovação dos alunos, sem poder sequer tentar algo diferente, sob o risco de serem crucificados.

Contudo, chamo a atenção quanto à omissão frente aos despropósitos do Estado. Já vi acontecer – várias vezes – de o aluno ser injustiçado, seja por questão errada na prova teórica ou ação equivocada do examinador, e o instrutor ficar calado. NÃO FAÇA ISSO! Não seja conivente com os despautérios do Estado. – Viu que está errado, RECLAME – coloque no papel e recolha contraprova para se resguardar futuramente.

Eu sei que muitos têm medo de sofrer represália (e isso acontece), mas se omitir diante de manifesta injustiça, te coloca numa posição de covarde. Seja corajoso para se manifestar respeitosamente; mas, também, seja coerente se portando como um profissional de respeito.

AUTOESCOLAS PREOCUPADAS COM O ÍNDICE DE APROVAÇÃO

Se para o aluno o que importa é passar na prova, para a autoescola o índice de aprovação é a alma da sua propaganda. Afinal, quem em sã consciência vai querer se matricular num CFC que pouco aprova?!

Apesar disso, chamo a atenção dos gestores (proprietários de autoescolas) para que procurem oferecer condições adequadas de trabalho aos os seus profissionais. Que busquem alternativas para aprimorar o ensino oferecido em seu CFC. Promovam reciclagens recorrentes aos seus profissionais; Disponibilizem veículos conservados e apropriados para o treinamento; salas de aulas amplas, claras, ventiladas e com recursos audiovisuais inovadores; – Tudo isso conta para a formação adequada de condutores e não simplesmente preparação de alunos para prova do Detran.

ALTO CUSTO PARA TIRAR A HABILITAÇÃO

Outro fator, não menos relevante, que explica a NÃO preparação do aluno para o trânsito, é o número limitado de aulas. Apesar do Contran estabelecer o número MÍNIMO de 25 treinos, nada impede que o aluno faça mais. Porém, dificilmente este poderá (ou pretende) fazer mais que isso, justamente por causa dos custos.

Atualmente uma aula de direção custa em torno de R$ 50,00 e, se para o CFC este valor pode parecer baixo, para o aluno isso gera um impacto financeiro gigantesco. O pior é que a cada ano está ficando mais caro. Grande parte da culpa pode ser atribuída às imposições pífias, utópicas e mal pensadas do Contran que, na maioria da vezes, servem, meramente, para burocratizar e encarecer o processo.

CONCLUSÃO

Percebe-se que o problema vai muito além do simples jargão: “As autoescolas só preparam para a prova”. Trata-se de um problema sistêmico onde quem tem o “poder” de resolvê-lo parece não o dar a devida importância.

O que se tem visto, no trânsito, são motoristas cada vez menos preparados, psicológica e habilmente. O número de acidentes continua alarmante – só óbitos são mais de 40 mil por ano. O custo disso ultrapassa os 50 BILHÕES de reais, anualmente; e a solução parece estar muito longe do nosso alcance.

Aqui temos uma análise fria da situação – sem a comoção da realidade cruel e impiedosa; e me parece ser este o problema daqueles que estabelecem as regras para todo esse “teatro”: FALTA SENTIR NA PELE! Sair de suas salas aconchegantes; do ar condicionado e das poltronas confortáveis para ver o sangue que se derrama no asfalto ao olhar aterrorizado daqueles que deveriam estar sob a proteção do Estado.

Aos profissionais do trânsito: não sejam coniventes com essa barbárie; aos alunos: não se limitem a buscar somente pela habilitação – cuidado com a falsa ideia de que você aprenderá tudo sozinho depois, no trânsito.

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